sábado, 21 de janeiro de 2017

A Trumpa está montada!

Queria deitar-me e ir à minha vidinha, mas não consigo, a actualidade está demasiado quente e não consigo alhear-me a tanta agitação, que creio, se irá revelar histórica.
A semana foi rica em episódios simbólicos que podem muito bem ser um marco na nossa história, o mundo ocidental, tal como o conhecemos, parece estar de pernas para o ar e pode muito bem começar a desenhar-se aqui um antes um depois.
O chinês em Davos a defender a globalização, o mercado livre e os direitos humanos, cauteloso e prudente, com uma ortodoxa atitude política; e do outro lado, um americano a tomar posse do poder a defender exactamente o contrário e a querer fechar-se ao mundo, o país fiel guardião do liberalismo.
Com a eleição de semelhante personagem para Presidente dos EUA, percebi finalmente como foi possível um Hitler e todos quantos existiram ao longo da história, por fim consegui compreender, embora nunca aceitarei, como pôde ter lugar um Hitler, seguido, proclamado e obedecido, o mundo é mesmo um lugar perigoso!! Para quem nunca conseguiu conceber que um líder como aquele, e muitos outros como Estaline, tenha tido eco e tenha passado a sua mensagem e tenha vingado no mundo, hoje estou convencida de que se aparecer hoje alguém como ele, vai com certeza ter adesão e vai conquistar o poder.
Como me custa aceitar como uma pessoa mal educada, arrogante, que não respeita nada nem ninguém, nem sequer minorias diminuídas fisicamente!, um xenófobo convicto, um sexista ofensivo, anti-ambientalista, anti-globalização e por aí fora, o cardápio é longo, com um discurso tudo menos politico, é capaz de convencer e mobilizar a opinião publica e o eleitorado, ou pelos menos uma boa parte destes. O mundo ocidental está sempre descontente com o o que tem, o que consegue, o que alcança, o cidadão médio está farto e quer mudar, procura incessantemente um líder que mude a sua realidade quotidiana, como se isso fosse responsabilidade directa de quem está no poder!  Está farto de elites politicas, que parecem ter discursos demasiado intelectuais e idealistas, pouco práticos e pragmáticos para chegarem aos seus problemas concretos e reais; o cidadão médio parece querer devolver o poder a um deles, mas Trump é tudo menos um de nós, é um multimilionário que certamente enriqueceu de forma pouco licita e construiu um império seguramente às e nas costas do cidadão comum, oportunista e desrespeitador das mais básicas leis, não só económicas, mas também sociais e deontológicas. Tem uma retórica fácil de comprar, acessível, embora profundamente agressiva, fala como um de nós e isso parece suscitar e despertar o interesse em quem já nada esperava de políticos e da política, do sistema; mas bolas o homem é um homem do sistema que construiu um império às custas desse sistema. Trump tem um discurso extraordinariamente primário e pobre e ainda tenta passar a imagem de investidura mística de salvador do mundo, com inspiração divina, tão caro ao povo ávido de milagres e salvadores.
Consola-me o facto de parecer ainda haver muitas vozes que não aceitam tamanha ameaça para os EUA e o mundo e não pensam calar-se nem desistir, pelo que tenho ainda uma réstia de esperança no futuro e na derrocada do Donald. A ver vamos se o mundo ainda tem salvação.

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