Pais e filhos

Toda a gente que não tem filhos, domina a arte de os educar! Pena não desatarem a procriar como coelhos, com certeza teriam filhos perfeitos!!
E nós, desastrados, desavisados, pouco enérgicos, tolerantes em demasia... pais, a bater com as cabeças nas paredes para os educar e criar o melhor possível, ah e para fazer do dia a dia uma coisa perfeitamente pacifica, harmoniosa e ninguém fuja de casa!! E depois gente tão sapiente e douta na matéria e nada de praticar em manadas próprias!
As crianças são crianças e deixemo-los ser crianças, por favor! Não lhe exijamos que sejam quietas, paradas, responsáveis para além do razoável, sossegadas, ensinadas, ajuizadas... não lhes exijamos que sejam adultozinhos em ponto pequeno, por muito jeito que isso nos desse e sossego nos garantisse.
O papel dos petizes é ser irrequieto, curioso, enérgico, descobridor, malabarista, cientista em projecto... o papel dos pais é monitorizar, ser vigilante atento, proteger, orientar, direccionar, ensinar e educar e ponto, ah e amar, muito! E sobretudo fazê-los entender que têm de ser obedientes e que há fronteiras que eles não podem ultrapassar, que a autoridade dos pais é para respeitar e nunca menosprezar e dar-lhes a conhecer os limites, porque eles, eles estão sempre a medir-nos, a experimentar-nos, sempre a tentar descobrir até onde podem ir.
Sou uma mãe permissiva e descontraída, deixo o meu filho ser criança, experimentar, errar, descobrir, fazer as asneirinhas próprias da idade, deixo-o correr, saltar, pular e quero que aprenda a viver em plenitude a vidinha dele. No que não relaxo é que não me obedeça, ele pode errar, porque é pequeno e está a aprender as coisas da vida, a mãe está cá para lhas ensinar; mas tem de me ouvir e saber que quem manda sou eu e o pai, e o que nós lhe dizemos é para ter em atenção.
Alguém me dizia hoje, no seguimento da polémica que se instalou sobre os meninos hiperactivos, que 'nada como umas valentes chapadas a toda a hora, para se acabar com o circo da hiperactividade', mas não tem nenhum, felizmente!! Desde quando a violência é remédio para todos os males? Educar não é acossar!! É preciso ser severo, mas sê-lo em doses razoáveis e sensatas. Quem não tem filhos tende a generalizar e tecer considerações nada abonatórias sobre quem os tem, como se fosse tarefa fácil e inequívoca.
Não tenho a formula da paternidade, nem o paradigma da educação, nem os cânone de criar, mas, nesta como noutras matérias, tenho as ideias claras e sei que isso também pode fazer a diferença, quantos não as têm e vão em conversas como a que eu tive hoje com alguém que nunca passou pelo desafio de criar um filho, mas se acha doutorado no assunto!!