quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

E mais isto 4

Saía também hoje um artigo no El Mundo sobre a anti-excelência.
Parece que a méritocracia está de facto ameaçada, ser brilhante e sobressair no meio académico é motivo de chacota e zombaria. 
Segundo o artigo, o problema de Espanha começou quando se começou a burlar do bom aluno, do aluno esforçado e empenhado, do aluno que brilhava. Ora, como por cá se passou, e passa, exactamente o mesmo, o problema é  também português. Ser bom aluno, ser excelênte passou a ter má conotação, o aluno que brilha leva com o rótulo de 'nerd', inadaptado e desajustado. Ninguém quer sobressair, pelo menos não por bons motivos, ser medíocre parece ser mais motivo de admiração. Ter a astúcia e a manha para se 'safar' sem trabalho e sem muito penar parece ser o que faz ganhar o respeito e adimração dos seus pares nos meios escolares. Pertencer, ser aceite nos grupos leva os adolescentes a assumir papeis e posturas iguais, uniformes e homogéneas, onde o mérito não sai vencedor.

Pronto, nas escolas queremos ser igualmente maus e medianos como os outros todos; no mundo do trabalho entramos em reuniões, ficamos automaticamente apalermados, temos de disfarçar potencialidades para ninguém nos notar... e eu que estava convencida de que o mundo caminhava no sentido da perfeição, tá bem, tá... ainda voltamos é às cavernas!!

5 comentários:

  1. Olá.

    Permita-me discordar um pouco do que escreveu.

    Não creio que exista essa "discriminação" para quem trabalha/estuda mais.

    Parece-me que existe isso sim um facilitismo cada vez maior, com o objectivo ESTÚPIDO de melhorar as estatísticas da escolaridade no país.

    E esse facilitismo parte não só dos governos, por exemplo com regras que praticamente impedem os professores de chumbar alunos, mas também dos próprios pais. Se não forem os pais a obrigar os filhos a ser responsáveis (enquanto não têm eles próprios a maturidade suficiente para o fazer) e com isto refiro-me a motivá-los/obrigá-los a estudar, não haverá moral para que as pessoas se queixem.

    Que moral tem alguém que se demite das suas responsabilidades de pai, de reclamar ou exigir de um governo um futuro melhor para os filhos?

    Cumprimentos e parabéns pelo blog,
    Miguel

    Ah... e já agora, é capaz de até haver discriminação para quem estuda mais mas só se a pessoa em causa for aquilo que se chamava no meu tempo "um cromo". Felizmente essa discriminação funcionava tanto para os cromos que estudavam muito, como para os cromos que não estudavam nada! :D

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  2. Olá Miguel, muito obrigada pelo seu comentário .
    Com certeza, estou absolutamente de acordo. Mas aflorava apenas e só o tema do artido do jornal espanhol El Mundo. Mas o que refere é sem dúvida outro dos problemas do nosso ensino, do nosso país!
    O facilitismo é a palavra de ordem quer falemos de pais, quer falemos de politicas de ensino do governo.
    Os governos querem ficar bem com números e estatisticas politicamente correctos; os pais querem poupar os filhos, querem que eles sejam poupados a esforços e penas (normalmente, porque a vida deles e da geração deles já foi bem penosa)!!
    Ora assim não se vai a lado nenhum, de facto!
    Fiquei até a pensar, qual destas posturas - alunos/pais, governo - estaria a montante ou a jusante. Não sei se as politicas de educação praticadas nas nossas escolas, ao alimentar um facilitismo absurdo e a falta de brio, provocam desinteresse e falta de dedicação nos alunos, porque cientes de que irão sempre passar; ou se foi a falta de empenho dos alunos que levou a que os governos tivessem que tomar medidas no sentido de fazer passar alunos, mesmo sem real aproveitamento e assim minimizar estragos...
    Seja como for, quem sai a perder é um país cuja massa critica se vê assim francamente ameaçada.

    Felizmente que há excepções a assinalar, também convém dizer.


    Volte sempre.
    Singular Morena.

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  3. De facto, levantou uma questão pertinente: quem será o primeiro responsável pelo estado quer de alunos, quer de politicas governamentais, quer de encarregados de educação? Mas que está mal, está! Sou professora e sei bem que está mal. Tenho consciência de que o meu papel é importante, mas por muito boa intenção que os docentes tenham, dificultam-nos a vida de tal maneira que às vezes nem motivação temos.
    Mas não devemos ser os únicos deste país a trabalhar sem motivação.
    Parabens pelo blog.
    Adriana

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  4. Obrigada. Caramba que bom era termos aqui um encarregado de educação a dizer de sua justiça, não era??
    Eu sou mãe e encarregada da educação do meu filho, mas ele ainda é pequeno, embora seja de pequeno que os bons princípios se incutem... Mas espero saber fazer o meu papel bem, quando chegar a altura; ensinar o meu filho a dar sempre o melhor e a ter brio no estudo, e espero saber incutir-lhe que é com trabalho que se conseguem resultados.

    S. Morena

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  5. Os pais dos meus alunos são impressinantemente irresponsáveis, como é que o podem ser os filhos. Não sei sequer como lidar com certas situações de desinteresse pelos filhos e intolerancia com os professores,,,
    Prof. Lúcia

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